quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Lutar por Moçambique

Por Saiwala Mic
 
Tudo quanto vou dizer transcende todo tipo de responsabilidades que me são incumbidas no panorama político, económico e social, dado o facto de não imaginarem quão é complexo e relutante lutar por Moçambique.
Uma vez ouvi dizer que o arquitecto da unidade nacional, que deus o tenha, teria já muito antes do desencadeamento da luta armada, pensado e escrito sobre lutar por Moçambique, obra que sem dúvida, de alguma forma, me inspira e me nutri de confiança de continuar granjeando parte da vasta e rica “história nacional”.
Lutar por Moçambique não termina com a independência nacional, mas coincide sim, com a perspicácia de conhecer cada vez melhor as potencialidades de que a nossa pátria amada pode proporcionar para alcançarmos o almejado desenvolvimento.
Não é menos verdade que recursos em Moz, são tão abundantes como a água no rio Zambeze que em certas épocas de chuvas transborda e consequentemente, coloca em risco milhares de moçambicanos indefesos.
Neste campo, lutar por Moz, começaria por criar condições propícias com vista a redução do risco e de vulnerabilidade destas populações, que até certo ponto não é tarefa exclusiva do Estado, mas, cada um de nós é convidado a participar tendo como corolário a redução do risco de calamidades de vária índole.
Relativamente aos recursos, é importante que todos tenhamos domínio do acervo de recursos minerais, bem como da sua real capacidade de utilização e compensação em termos de benefícios sociais para a população, fundamentalmente da responsabilidade social das empresas adjudicadas a exploração de vários mineiros no que tange a melhoria ou não da condição de vida das populações residentes nas áreas circunvizinhas destes projectos. A pergunta que se coloca sempre, “é querer saber se a população residente em Tete com a Valey e Riversdale, em Inhambane com a Sasol, em Maputo, com a Mozal,  sua condição de vida melhorou ou não desde que estas mega empresas estão a operar?
Se não? Porque é que isso prevalece? É necessário, pois, que, descubramos o modus operandi destas empresas antes que, simplesmente se limitem em pilhar as nossas riquezas. Cada um de nós, é bom que seja vigilante. Aqueles que vem dizendo aos quatro ventos que são académicos e iluminados, o que tem feito para mostrar e fazer conhecer a população dos prováveis direitos que lhes assistem com a instalação destes mega projectos?
Portanto, lutar por Moz, não passa disto…
Não diria que os nossos governantes têm pouca lucidez, porque, apesar de nalgumas vezes preocuparem-se com certas comissões na concepção de muitos projectos, no fundo do coração, se calhar pensam em aliviar a pobreza e seguir a risca os objectivos do milénio. Por isso sejamos nós, jovens de meia tigela os lutadores desta pátria amada. Talvez por isso, a quem pensa que é a dita Geração de viragem, mas o que é isso? Chuva de pouca molha...
Seja geração de viragem ou não, orientemos Moçambique para onde já devia estar. Não lamentemos, nem pela guerra dos 16 anos, nem pela governação dos que fizeram ou dos que fazem, façamos sim, a nossa parte. Fiscalizemos esses timoneiros, façamos com que o erário público seja eficientemente administrado e que, acima de tudo, o PARPA II em curso alcance os objectivos preconizados. Mas como?
A quem diga que, sejamos peixes miúdos e que tenhamos cuidado com os tubarões à vista. Quanto a nós, isso constitui pólvora para incansavelmente lutar pela preservação da paz e pela consolidação deste desenvolvimento mental, económico e social que já não é miragem, mas, autêntica e robusta realidade.
Lutar por Moz, é criar um ambiente político saudável, uma lei eleitoral que albergue os anseios dos diversos intervenientes políticos e porquê não da sociedade civil? É estabelecer mecanismos de intercâmbio directo, onde os magníficos representantes do povo não se reduzam em elaborar discursos em benefício dos seus partidos, mas que, sejam porta-vozes dos reais e diversificados problemas do povo.
Criar condições para que, a realidade macroeconómica seja estável, a taxa de inflação anual não atinja 8%, aumentando a produtividade e do valor do PIB nacional, constituem linhas orientadoras para lutar por Moçambique.
Lutar por Moz, se calhar seria, tentar coordenar o aumento salarial a uma percentagem que pelo menos se enquadre ao pacote da cesta básica mensal proposta pelos sindicalistas que em vez de cederem sempre, deviam manter o braço de ferro até encontrar-se meio-termo com o governo.
Nestes últimos dias, vaticina-se então, a provável existência de petróleo na bacia do Rovuma e rumores apontam para adjudicação de prospecção do mesmo produto em Inhambane a Sasol. A ser verdade, lutar por Moz, seria evitarmos que lutas desnecessárias como acontecem no Congo, Burundi, etc, para o controlo de recursos escassos aconteçam. Para tal, temos que, engajados, galvanizarmos para junto do governo uma gestão clara e transparente deste precioso recurso. E mais ainda, que os seus dinheiros beneficiem e aliviem a pobreza das populações no sentido lato da palavra.
Moçambicanos do Índico ao Zumbo e do Maputo ao Rovuma sem distinção de raça ou de cor, lutemos para que, se for para alterar a Constituição, seja uma medida que desemboque nas aspirações e realidades que beneficiem exclusivamente, o povo, e não necessariamente para fazer com que, pessoas que temem a lei mãe, ajam de acordo e dentro dos seus ditames para concorrer a um mandato adicional, supostamente em nome do povo…
Mãos à obra, lutemos por Moçambique, hoje, amanhã e sempre…


…………………………..Tisungane Project……………………………………….

1 comentário:

  1. Na sua obra “Lutar por Moçambique”, a libertação nacional não significava para Eduardo Mondlane a simples expulsão dos Portugueses, mas a reorganização da vida nacional em todas as frentes, reorganização que permitisse ao povo obter um nível de vida “tolerável” (sic), aí compreendida a possibilidade de participar no governo. Um dos pensamentos de Mondlane era o de que para se obter o que chamou “progresso económico e social em largas bases”, era indispensável “eliminar as forças económico-sociais que favorecem as minorias”, que favorecem os “grupos africanos privilegiados”, era necessário evitar “a concentração de riqueza de serviços em pequenas áreas do país e nas mãos de poucos” (Mondlane, Eduardo, Lutar por Moçambique. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1976, 2.ª ed.ª, pp. 181-219, 248-251; diálogos em 1978/1981 do autor deste trabalho com Aquino de Bra¬gança). Na verdade, Mon¬dlane não foi apenas o orientador da libertação nacional, foi igualmente o proponente da luta de libertação social.

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